Rodolfo Pamplona Filho
Não tenho problema
com a tristeza.
O que me deprime
é constatar que os sonhos
não são projetos,
mas suspiros
ou devaneios
de quem tudo quer,
mas não parece valorizar
o que tem na mão.
Não tenho problema
com a pressão.
O que me rebaixa
é verificar que os rumos
que se segue
não são trilhas
nem caminhos,
mas jornadas que se fazem
como uma pipa solta
em um furacão.
Não tenho problema
em tomar partido.
O que me violenta
é descobrir que a certeza
não existe,
seja como fato,
ou como versão,
mas é apenas um sintoma
de um universo em ebulição.
Salvador, madrugada de 7 de abril de 2016.